Assisti segunda-feira última ao programa Roda Viva (TVE Canal 7) com o publicitário Washington Olivetto. Entrevista interessante de um cara que sabe como poucos tudo sobre os segredos da publicidade e a forma certa de atingir seu público alvo. Claro que o programa não se limitou a falar só sobre propaganda e os bastidores desta profissão que tem atraído cada vez mais jovens às universidades. Entre muitas revelações Olivetto falou sobre o sequestro que sofreu e as razões de não fazer marketing político.
Ao final do programa a jornalista Marília Gabriela quis saber do entrevistado sua opinião sobre a proibição de anúncios de cigarros e a complacência com que o CONAR – Conselho de Autorregulamentação Publicitária aceita, por outro lado, anúncios de bebidas alcoólicas. Em outras palavras, Marília queria que Olivetto desse seu parecer sobre estas questões e sobre os órgãos reguladores. Ele fez uma explanação bastante interessante salientando que esta atitude “paternalista” dos órgãos reguladores de tomarem para si a responsabilidade de permitir, ou não, o que o consumidor (e o cidadão em última análise) pode ou não pode comprar e consumir é arriscado. Cabe ao consumidor a prerrogativa de escolha. Para finalizar seu raciocínio, terminou com a seguinte frase:
“Entre o politicamente correto e o politicamente incorreto fico com o politicamente saudável”
Questionado sobre esta resposta Olivetto observou que a atitude politicamente correta é, por vezes, cansativa e chata. Quando não hipócrita. Por outro lado, o politicamente incorreto é mais atrativo (e alegre) em termos publicitários. Claro que cada caso é um caso e não se pode generalizar.
Concordo com o Washington Olivetto. Entre o politicamente correto e o politicamente incorreto também fico como politicamente saudável. Aliás, nada melhor que pensar e agir com bom senso. Esta turma do “Politicamente Correto” que invade todos os cantos deste país está fazendo com que todo mundo agora precise policiar-se ao falar para não ferir sensibilidades alheias ou minorias que se sentem atacadas injustamente. Estamos vivendo na época dos eufemismos em que é preciso, literalmente, caminhar sobre ovos. Uma palavra mal colocada, uma piada mal contada ou uma interpretação errada do que se ouve ou o que se diz pode ser a causa de um processo judicial por danos morais ou sermos acusados de preconceituosos. Este policiamento do pensamento está nos tornando a todos hipócritas. O pensamento agora deve ser massificado e a nossa forma de agir e pensar deve ser homogênea. Por vezes me sinto como se fosse o personagem Winston Smith do livro 1984 de George Orwell em que o Grande Irmão me vigia com seu olho que tudo vê. Vai chegar o tempo em que teremos também de usar um dicionário de novilíngua para expressarmos nossas idéias e não ferir suscetibilidades.
Em nome do politicamente correto tentaram censurar o livro “Caçadas de Pedrinho” de Monteiro Lobato, por considerar a obra racista. Em defesa dos analfabetos funcionais criaram o tal “Preconceito Linguístico” para que alunos que não saibam falar e escrever corretamente não fossem excluídos socialmente. Até uma lei foi criada proibindo palavrões em campos de futebol para não ferir minorias, a mãe do juiz e os moralistas de plantão. Agora me diz: Quem em sã consciência leva a sério os palavrões que se diz nos estádios de futebol na hora da emoção de um gol ou na anulação de um pênalti? Claro que não estou aqui a incentivar a violência ou coisa do tipo nos estádios! Mas quem já freqüentou ou freqüenta estádios de futebol sabe que até os amigos se tratam por “corno”, “viado”, “negão”, “alemão batata” e nem por isso são afrontas a quem quer que seja. Mas é preciso silenciar a arquibancada para não ferir ouvidos sensíveis… Este pessoal xiita da moral e dos bons costumes daqui a pouco vai proibir piada de português, loira, baixinho, gordinho, etc… etc… Que graça tem uma piada politicamente correta? O escritor Pedro Juan Gutiérrez declarou “O politicamente correto está acabando com o mundo”
Claro que não estou a defender Rafinha Bastos e sua apologia ao estupro, ou o deputado Bolsonaro com sua homofobia ferrenha. Muito menos a piada de extremo mau gosto do Danilo Gentili sobre judeus. Claro que excessos devem ser evitados e apologia à homofobia deve ser duramente combatida. Também é evidente que o preconceito de qualquer natureza deve ser repudiado e não se deve igualmente calar-se contra esta prática nefasta da convivência social. Como disse Olivetto seria melhor vivêssemos a era do politicamente saudável e eu acrescentaria que seria bom não precisássemos viver vigiados pela turma do politicamente correto que radicaliza sua vigilância e quer monopolizar o livre pensar e agir da população. Bom senso, minha gente. É disso que precisamos.
Viva o politicamente saudável!
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