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Posts Tagged ‘Patrick Louis’

Dizem que é preciso matar um leão por dia para sobreviver nos dias de hoje. Desemprego, pobreza e falta de perspectiva de futuro. Agora imagine esta situação no final da década de vinte. Mais precisamente o fatídico ano de 1929 com a queda da bolsa de valores nos Estados Unidos da América em que fortunas desceram pelo ralo. O desemprego na América foi estratosféricos e na fila da sopa e dos guichês de auxilio financeiro federal muitos nobres e ricos, agora na miséria, se acotovelavam com a população em geral por um prato de comida e uns poucos trocados para a dura sobrevivência. Claro que a queda na bolsa teve reflexos no mundo inteiro. Não se falava em globalização naquele tempo, mas a miséria se fez sentir em vários países.

Entre a anônima população um homem sentiu também na pele a avassaladora crise financeira: Jim Braddock (Russel Crowe) um prodígio do boxe que fora obrigado a aposentar-se prematuramente devido a uma série de derrotas no ringue. Sem participar de nenhuma luta e na miséria total acaba ele também, na fila dos desempregados a viver da ajuda federal e de pequenos bicos. Não sente vergonha sequer de pedir dinheiro aos seus amigos e colegas para sustentar sua família. Fome, miséria, frio e indiferença não foram suficientes para minar o caráter e a personalidade deste homem. Íntegro e honesto não se deixou abalar e no portão de acesso ao cais do porto procurava um trabalho de estivador. Nem sempre conseguia o emprego já que a concorrência era grande.  Defendeu bravamente sua família e não permitiu que seus filhos fossem criados por outras pessoas ou parentes. Lutou, com todas as suas forças, para criar sua família e mantê-los sob sua proteção.

A Família de Cinderella Man

Um dia, a sorte bate na porta de Jim. Devido ao cancelamento de última hora ele é escalado para enfrentar o segundo pugilista na disputa do título mundial. Os tempos difíceis fazendo força na estiva e a miséria a espreitar sua mesa deu forças e motivação, mais do que suficiente, para que aceitasse o enorme desafio. Com forças renovadas pelo trabalho braçal e com tais lembranças deram a este homem razão para que lutasse, não só pelo amor ao esporte, mas como meio de uma sobrevivência digna e honesta. Ganhar dinheiro naquele momento era uma questão de vida ou morte.

Vitória após vitória, Jim volta ao pódio e a consagração de um povo sem esperança. Acaba virando um símbolo de superação e de luta e ganha, por isso mesmo, o apelido de Cinderella Man. As coisas começam a mudar e é possível, agora, comer melhor e colocar mais lenha na lareira. Volta para a fila do desempregado, mas não para pedir ajuda ao governo, mas para devolver todo o dinheiro que havia ganhado. Poucos tiveram esta visão social. Todavia, um inimigo fatal despontava no horizonte. Mas ele não teme a luta e prepara-se para enfrentar seu maior obstáculo: Max Baer atual campeão mundial de pesos pesados, que já matou dois adversários no ringue. Vencer neste caso,  é permanecer vivo e sustentar sua família. Sua mulher, Mae Braddock

(Renée Zeelweger) sabe do grande desafio e implora para que ele desista da luta. Mas Jim costuma dizer,  entre outras palavras, que no Box ele sabe a quem enfrentar e com quem lutar, porque conhece o inimigo. Na miséria e no desemprego, ele é invisível, por isso mesmo difícil de vencer.

Mais uma vez Rusell Crowe mostrou ser um excelente ator dramático e teve um desempenho brilhante. O diretor Ron Howard conseguiu dar veracidade às cenas de luta e contou de maneira competente a história deste ícone americano. Mostrou-nos a história de um herói de seu tempo que lutou dignamente para sobreviver. Direção de arte no capricho retratando os conturbados anos trinta. Vale à pena conferir esta comovente história e torcer para que consiga abocanhar a desejada estatueta dourada na próxima edição do Oscar 2006.

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