Sempre depositamos nossas esperanças nos nossos filhos. De uma forma ou de outra idealizamos para eles todas as nossas perspectivas de um futuro promissor, de uma felicidade eterna, saúde plena e muitas realizações. Por vezes, projetamos para nossos filhos todos os nossos sonhos não realizados e desejamos que eles possam ter as experiências de vida que gostaríamos de ter vivido. Como se os pais procurassem uma segunda oportunidade de realizar seus próprios objetivos. Neste particular é que a convivência entra em choque visto que cada ser deve trilhar seu próprio caminho e viver sua própria experiência. O filme Filhos da Esperança, escrito e dirigido por Alfonso Cuarón vai um pouco além desta premissa. A questão aqui levantada é de salvação e continuação da própria espécie humana e neste sentido os filhos aqui representados são muito mais que meros “desejos” individuais, mas a redenção de toda a humanidade.
Por esta razão, a cena em que nasce um bebê em pleno conflito bélico num prédio em ruínas cercados de inimigos a metralhar a todos é um momento inesquecível. Quando o choro da criança se faz ouvir a esperança toma conta dos que estão à volta. Por dezoito anos a humanidade não via nascer um novo ser e ter novamente esperança de futuro faz com que este momento seja sublime e de adoração plena. Quando o exército percebe a presença da criança o tiroteio cessa, o tumulto dá lugar ao silêncio e só se ouve o choro inocente do bebê ao colo da mãe. Na saída do prédio em ruína, todos que assistem a mãe com seu filho ficam em estado de graça e, em referência, dão passagem para que a criança deixe este lugar perigoso e possa ir para um lugar onde será bem cuidada. Até mesmo o inimigo faz reverência ao pequeno ser com a consciência que só ele é a esperança de todos.
Uma cena que merece ser lembrada por representar a nossa perspectiva de futuro e que sempre é possível recomeçar do caos.